sexta-feira, 17 de junho de 2011

NAUM PROFETA - A SORTE DE NÍNIVE


Naum – A sorte de Nínive

Na 1.1-3.19

Os matizes internos do livro de Naum oferecem uma evidência fiável para datar este profeta na segunda metade do século VII. A referência de Naum à queda de Tebas faz o 661 a.C. o terminas a quo e a menção da queda de Nínive sugere o 612 a.C. como o terminus quem para o período de sua carreira. Dentro destes limites é, certamente, impossível fixar uma data exata para seu ministério.
A conquista de Tebas por Assurbanipal representava o máximo ponto do avanço sírio, a uns 530 quilômetro ao sul do Cairo [1]. Mas não se passou muito tempo e as rebeliões começaram a transtornar o império de Assurbanipal. Seu próprio irmão, Samasumukim, nomeado governador da Babilônia por Esar-Hadom, deu lugar a uma rebelião fracassada e pereceu na queima da Babilônia no 648 a.C. [2] Quando morreu Assurbanipal, por volta do 633, as rebeliões explodiram com êxito em várias zonas, para advertir a Assíria de sua próxima condena. Ciaxares assumiu o reinado da Média e em menos de uma década Nabopolassar esteve bem estabelecido sobre o trono da Babilônia. aliando suas forças com os medos e os babilônicos, convergiu sobre a Assíria para efetuar a destruição de Nínive no 612 a.C. [3] Aos poucos anos, o Império Assírio estava absorvido pelos vencedores.
Seguramente, Naum estava familiarizado com alguns desses acontecimentos. Embora Elcos, a aldeia Natal de Naum, não tenha sido nunca identificada com certeza, é verossímil que ele fosse um cidadão de Judá [4]. A Naum lhe resultavam conhecidas as calamidades que Judá teve de suportar durante o século da dominação assíria. Não há dúvida de que estava à par da opressão assíria, por meio da qual até Manassés, rei de Judá, foi levado ao desterro por uma temporada.
A seguinte analise sugere os temas importantes como estão desenvolvidos no livro de Naum:

I. A majestade de Deus no juízo e na misericórdia                   Na 1.1-14
II. O cerco de Nínive e sua destruição                                   Na 1.15-2.13
III. A razão da queda de Nínive                                            Na 3.1-19

A majestade de Deus é o tema introdutório de Naum. Soberano e Onipotente, Deus governa de forma suprema na natureza. Os malvados —inimigos de Deus por suas ações— continuarão porque Deus é tardio em sua cólera. A seu devido tempo, a vingança de um Deus zeloso será manifestada. Para aqueles que confiam nEle, serão salvos no dia da ira, porém o inimigo será completamente destruído (1.1-8) [5]. Aparentemente, alguns dentre o auditório de Naum estavam na dúvida a respeito do cumprimento de sua predicação (1.9). Com certeza, o profeta declara que o juízo de Deus é tão decisivo que não têm por que temer nem sentir aflição de Nínive de novo. as dificuldades que Assíria impôs sobre Judá não se repetirão (1.12-13).
Dirigindo-se aos assírios, Naum prediz que esta destruição apagará seu nome a perpetuidade.
Para Judá, a destruição de Nínive é o alívio da opressão. De forma pitoresca, o profeta fala do mensageiro que vem com as boas novas (1.15). o povo é admoestado a renovar sua devoção religiosa em gratidão por sua libertação. Por contraste com esta breve exortação para Judá, a mensagem para Nínive contém uma grave advertência. Naum vividamente descreve o assédio, a conquista e a total ruína da capital da Assíria (2.1-13). Esta orgulhosa cidade dos assírios, que semeou calamidades em Jerusalém, está agora sujeita ao horrível efeito de um assédio no qual prevalecerá a mais completa confusão. O inimigo entra, destroça e reduz Nínive a ruínas, deixando-a totalmente desolada.
Os cidadãos de Nínive têm precipitado esta catástrofe; eles são inculpados de uma mentalidade exageradamente comercial, sem escrúpulos e cruel rapina. Descrevendo vividamente uma das mais dramáticas cenas de batalhas existentes na literatura do Antigo Testamento, Naum descreve os carros de guerra avançando e carregando os cavalheiros, enquanto esmagam os cadáveres dos defensores de Nínive ante as nações que tão cruelmente tinham oprimido. Todos a olharão de relance, com desprezo, sem que um só lamente sua ruína.
A destruição de Tebas se cita por comparação (3.8-15). A despeito de suas vastas fortificações, esta populosa cidade egípcia foi conquistada e destruída pelos assírios no 661 a.C. [6] É Nínive melhor do que Tebas? Forte, fortificada e apoiada por Pute e Líbia, a cidade de Tebas não pôde suportar o assalto assírio. Tampouco agüentará Nínive no dia de seu ataque. Suas fortificações serão ineficazes sob a esmagadora carga do inimigo que avança como um fogo devastador.
Na final descrição do destino de Nínive, Naum utiliza a figura da praga de gafanhotos, tão familiar para a mentalidade dos orientais. Comparando a população de Nínive com os gafanhotos, o profeta prediz que se espalhará pela cidade buscando refúgio, mas será espargida longe e desaparecerá. A diferença de Judá, a nação de Assíria não tem esperanças de ter um restante. Além disso, todos se gozarão de sua destruição, já que nenhum povo tinha escapado às atrocidades e saqueios da máquina de guerra assíria.


[1] Tebas era conhecida como No e No-Amom, Na 3.8
[2] Ver D. J. Wiseman, Chronides of Chaldean Kings, pp. 6-7.
[3] Ver Pritchard, Ancient Eastern Texts, pp. 303-305.
[4] Elcos pôde ser sido um povoado entre Gaza e Jerusalém, perto do Neite-Jibrim. Ver The New Bible Commentary, F. Davidson, ed. p. 727, para várias tradições concernentes a Elcos.
[5] Em hebraico este poema de início é um acróstico alfabético.
[6] Homero (Ilíada, IX 383), descreve a Tebas com seus templos, obeliscos, esfinges e 100 portas, como uma das mais belas cidades do mundo antigo.

Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT



Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira

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