quinta-feira, 2 de junho de 2011

IGREJA - COMO SOBREVIVER (2ª PARTE) EM TEMPO DE RUINA DA IGREJA ?



O Lado Negativo
Não, certamente. Ainda que uma organização humana congregasse muitos cristãos verdadeiros; ainda que ela fosse composta unicamente de verdadeiros cristãos, seria desobedecer à Palavra de Deus continuar nela sob tal pretexto. 0 simples fato de ela ser humana, de não ter sido estabelecida por Deus, nos impõe o dever de nos separarmos dela.
Desse modo, o primeiro passo a dar no caminho de Deus é o crente sincero retirar-se da iniqüidade, de tudo aquilo que a Palavra de Deus não estabelece, daquilo que é o resultado dos pensamentos e da vontade do homem. E nós temos de o fazer, ainda que corrêssemos o risco de ficar tão solitários como Elias supunha estar, quando dizia: "Fiquei só". Que queremos nós seguir: os nossos pensamentos, os nossos gostos e os nossos sentimentos ou a vontade de Deus?
Alguns vêem nitidamente o mal que se encontra nos sistemas religiosos, mas dizem: "E necessário ficar onde estamos e usar de toda a nossa influência para tentarmos reformar os abusos e protestar contra o erro". Porém, não será sem mágoa que, dentro em pouco, percebendo que são impotentes para entravar os progressos do mal.
Protestar no seio do mal e continuar lá, associado a ele de fato, é um protesto sem força e inconseqüente. O verdadeiro protesto é sair do mal. Acima de tudo, está a ordem de Deus, que não pode aceitar compromissos com a iniqüidade: "Saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Co 6:17). Preciosa promessa esta, não é verdade? Eu vos receberei — diz o Senhor! "Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério" (Hb 13:13). O arraial, neste caso, era um sistema de ordenanças e de cerimônias estabelecido sobre o princípio de que Deus e o homem pecador podiam habitar juntos. Era o que existia em Israel. Porém, esse sistema terminou quando o homem expulsou Deus do arraial — quando Cristo foi crucificado. Portanto, era preciso sair dele para estar com Jesus. A posição cristã era fora do arraial. Se o homem refaz "arraiais", estabelecendo, no cristianismo, segundo a sua vontade e a sua própria sabedoria, sistemas religiosos que consistem em ordenanças e regulamentos, a ordem expressa da Palavra do Senhor subsiste: "Saiamos, pois, a ele", a fim de nos acharmos na posição normal, que convém ao cristão.
Suponhamos agora que uma alma foi levada a obedecer à Palavra de Deus e entrou no caminho da fé, separando-se das organizações religiosas estabelecidas pelos homens. Não se sentirá ela num estranho isolamento, logo após ter dado esse passo? Em caso afirmativo, que deverá então fazer?

O Lado Positivo
A Palavra de Deus, que a isso a conduziu, mostra-lhe o que deve fazer nestas palavras: "Foge, também, dos desejos da mocidade; segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor" (2 Tm 2:22). Fugir das paixões da carne (ver 1 Jo 2:16), seguir a justiça, a fé, o amor, a paz é, certamente, o que incumbe a cada cristão individualmente. É o que convém à presença de Deus — e a atividade da vida de Deus na alma pelo Espírito Santo produzirá este fruto. Assim, cada um de nós deve examinar-se para ver se realiza, na sua conduta diária, essa exortação do apóstolo. Mas o pensamento de Deus vai mais longe: no meio da massa dos professos que enchem a grande casa e se envaidecem chamando-se cristãos, existem almas "que, de coração puro, invocam o Senhor". Um coração puro segue o mandamento expresso da Palavra do Senhor: "Qualquer que profere o nome do Senhor aparte-se da iniqüidade". E um coração que, sem duplicidade, deseja servir o Senhor e rejeitar tudo o que desonra o Seu nome. É um coração que, tendo-se separado do mal, anda no temor e na comunhão de Deus. Portanto, se uma alma foi levada a invocar deste modo o nome do Senhor e encontra outras andando no mesmo caminho, não deve ficar só, mas prosseguir com elas a justiça, a fé, o amor, a paz. Nesse caso, haveria também tanta falta de obediência ao querer ficar só, quanto havia em não se separar do mal — uma vez reconhecida a sua existência. E evidente que, enquanto não encontrar tais pessoas, terá de esperar que Deus lhas apresente; porém, em nenhum caso e sob nenhum pretexto deve unir-se de novo ao que julgou e condenou. Fazer isso seria reedificar o que tinha destruído e constitui-se, desse modo, transgressor (Gl 2:18).
E evidente que a expressão "coração puro "de maneira nenhuma quer dizer que o homem de coração puro não tenha nenhum pecado nele, como muitos em nossos dias o pretendem. A escritura diz: "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós" (1 Jo 1:8). Esperar em Deus, contar com Ele é sempre o caminho absolutamente seguro, que podemos trilhar sem receio.

Um Remanescente é Formado
A obediência individual trará para o caminho da fé almas que nele andarão juntas. E desta maneira formar-se-á, sob a direção de Deus, um remanescente tal como o que vemos no meio da ruína no final de cada dispensação.
Em Ezequiel, quando a destruição de Jerusalém estava iminente, o Senhor disse ao Seu mensageiro: "Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela" (Ez 9:4). Os que desejam ser fiéis a Deus neste tempo de ruína não podem ficar indiferentes perante este estado de coisas. Quanto mais o conhecem mais o seu coração o sente e se aflige. Mas ouçamos outro profeta, algum tempo antes de Ezequiel, nos dias de Josias, anunciar também o julgamento que se abaterá sobre Judá: "Deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante" (Sf 3:12-13). O caráter do remanescente não é a grandeza que fere os olhos do mundo. Ele é fraco e desprezado; é também tranqüilo e sem temor, e anda nos caminhos da verdade e da justiça. Ele pôs a sua confiança em Deus!
O último dos profetas, quando os que tinham regressado do cativeiro caíram num frio formalismo, mostra-nos também um remanescente fiel, do qual temos mais tarde a expressão nos Zacarias, nos Simeões, nas Anas dos dois primeiros capítulos de Lucas: "Então, aqueles que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome" (Mq 3:16). Reencontramos aqui a marcha coletiva de testemunhas que, fazendo assim, são aprovadas pelo Senhor.
Vemos enfim, no Novo Testamento, as características de um verdadeiro remanescente nos santos da Filadélfia (Ap 3:7-13). Isto é também o fim de uma dispensação: o Senhor anuncia a Sua vinda próxima, e, como dizem os versículos seguintes, Laodicéia, a igreja meramente professante, vai ser vomitada da boca do Senhor. Os fiéis da Filadélfia estão em presença, por um lado, de pretensões religiosas, de um sistema fundado em tradições e ordenanças — os que se dizem judeus, e não o são — e, por outro lado, acham-se muito afeitos à Terra, tendo nela os seus interesses e os seus prazeres. No entanto, no meio deste estado de coisas, que provoca o julgamento de Deus, os santos, os verdadeiros fiéis, apesar da sua pouca força, uniram-se a Cristo, somente a Cristo, "guardaram a Sua Palavra e não renegaram o Seu nome!" Deste modo, estão separados de uma religião humana, separados do mundo e associados pessoalmente a Cristo, guardando a Palavra do Senhor e sendo pacientes — como o Senhor é paciente.
Peço ao leitor que considere perante Deus, com seriedade e oração, esta porção da Palavra do Senhor, onde estão traçados os caracteres de uma conduta fiel e paciente de dedicação a Cristo, e onde o próprio Cristo é apresentado com as características que os fiéis têm de reproduzir, como estando unidos à Sua Pessoa — "o Santo e o Verdadeiro".

Reunidos em Seu Nome
Uma questão importante se põe agora para aqueles que entraram no caminho da fé e nele desejam permanecer e servir a Deus. Tendo deixado as formas, as ordenanças e as organizações humanas, com que poderão eles contar, quando se reunirem? Que lhes restará para continuarem alegremente a sua marcha coletiva?
Todos terão os princípios divinos, segundo os quais os
Cristãos se reuniram no começo da cristandade. Terão o fundamento, o único, o mais seguro fundamento sobre o qual são edificados como pedras vivas, ou seja, Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e eternamente (1 Pe 2:5-8; Ef 2:20-22; Hb 13:8). Eles terão Jesus, o Cabeça de que eles são membros, estando unidos a Ele pelo Espírito Santo, no qual foram batizados (Cl 1:18; 1 Co 12:12-13).
Em seguida, tendo-se separado da iniqüidade por fidelidade ao Senhor, cujo nome invocam, tendo, segundo a exortação do apóstolo, saído fora do arraial para Jesus, e não uns para os outros, encontrar-se-ão reunidos nesse Nome, único centro que o próprio Senhor indica e para o qual o Espírito Santo os terá conduzido. Reunidos nesse Nome, por pequeno que seja o seu número, eles terão Jesus no meio deles, segundo a Sua promessa: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles" (Mt 18:20).

A Presença do Espírito Santo
Além disso terão o Espírito Santo, não uma influência, mas uma pessoa divina, o Consolador prometido para estar conosco eternamente (Jo 14:16-17). Qualquer que seja o estado de coisas na cristandade, nós sabemos que o Espírito Santo vindo à Terra no dia de Pentecostes (At 2), segundo a promessa do Senhor, está sempre aqui, operando nas almas por toda a parte onde o evangelho é anunciado. Na igreja meramente professante, a presença dEle é, regra geral, olvidada e Sua pessoalidade muitas vezes negada. A exortação do apóstolo: "Não entristeçais o Espírito Santo de Deus" (Ef 4:30) e esta, não menos importante: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5:9) são muito mal compreendidas e muito pouco levadas em consideração. O Espírito não se entristece pela confusão que reina na cristandade? Não é extinguir o Espírito naqueles que receberam dons da graça pelo Espírito não lhes permitir o exercício desses mesmos dons, a não ser que façam parte de um ministério estabelecido e consagrado pelo homem?
Mas aqueles que se encontrarem verdadeiramente reunidos no nome de Jesus reconhecerão a presença e a ação do Espírito Santo e deixarão os dons de graça exercerem-se livremente no meio deles.



Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira



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